JULGAMENTO

Julgamento de Habeas Corpus de José Bonfim acusado de matar procuradores é nesta terça (11)

Conforme a Polícia Civil, o crime foi cometido por um funcionário da fazenda propriedade dos procuradores.

07/04/2017 09h55 | Atualizada em 08/04/2017 11h17

Julgamento de Habeas Corpus de José Bonfim acusado de matar procuradores é nesta terça (11)

Polícia Civil de MT

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Elizabeth Diniz Martins Souto, esposa do procurador aposentado do Distrito Federal, Saint Clair Martins Souto, 68 anos e mãe de Saint Clair Martins Souto Filho, 38 anos, ambos executados a tiros pelo gerente da fazenda deles após a descoberta de que o funcionário estava praticando furto, diz que o assassino deu três dias de festa depois de matar os seus familiares e que ele era tratado “como se fosse parente”. Na próxima terça-feira (11), acontece o julgamento do Habeas Corpus de José Bonfim Alves Santana.

“Ele [José Bonfim] disse no depoimento que meu marido e meu filho eram muito bons para ele. Imagina se não fossem. Ele matou os dois a sangue frio. Agora, a defesa dele entrou com um habeas corpus, tentando dar a liberdade. Esse é o homem que eles dizem que tem boa índole e que querem colocar na rua”, disse Elizabeth em entrevista exclusiva ao Olhar Direto.

Elizabeth atua também como assistente de acusação do Ministério Público no caso. “O gado ele vinha roubando há algum tempo. Meu filho ligava sempre que chegava em Vila Rica. No dia 07, ele me ligou dizendo que chegou e estava indo para a fazenda. No domingo, ele ligaria de volta, mas isso não aconteceu”.

“Chegou a noite e eles também não ligaram. Eu e minha nora tentamos falar com alguém da cidade, mas não conseguimos. Os números do município ficavam no escritório. Na segunda eu ainda falei com o José e ele disse que meu marido e meu filho tinham ido embora, que saíram no sábado. Nós achávamos que era sequestro e acionamos todas as autoridades”, comenta a mulher.

Ainda conforme Elizabeth, o suspeito teria pegado a caminhonete dos procuradores e estacionado em diversos pontos de Vila Rica: “Ele fazia isso para as pessoas pensarem que os dois estavam vivos e andando pela cidade. Nós desconfiávamos do sumiço dos gados, mas nunca pensamos nele. Sempre que meu marido questionava, ele dizia que o pasto era aberto e que eles poderiam ter fugido, mas que ia buscar. Depois de algum tempo, dizia que tinha recuperado. Mas nós nunca desconfiamos”.

“Nós tratávamos ele como se fosse da família, nossa relação era muito boa. Ele veio passar festas com a gente aqui em Brasília (DF). Me ligava três vezes por semana para conversar, passar as coisas. Foi tudo premeditado, ele deu festa sexta, sábado e domingo para que ninguém percebesse que meu marido e meu filho haviam sumido”, completa a mulher.

Agora, Elizabeth está empenhada no caso e tenta a condenação do suspeito. Ela atua como assistente de acusação do Ministério Público e estará em Cuiabá para acompanhar o julgamento do Habeas Corpus do acusado: “A sociedade precisa saber que este homem pode ficar em liberdade depois de cometer um crime destes”.

Inquérito

O suspeito, José Bonfim Alves Santana, que era gerente da fazenda das vítimas, teve a prisão temporária convertida em preventiva e foi indiciado por duplo homicídio com três qualificadoras cada, sendo recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, motivo torpe e para ocultar a prática de outros crimes. “Conclui o inquérito e representei pela prisão preventiva dele que foi acatada e decretada pelo juiz da comarca”, disse o delegado, Gutemberg de Lucena Almeida.

O inquérito que investigou a o duplo homicídio do procurador aposentado do Distrito Federal, Saint Clair Martins Souto, 68, e seu filho Saint Clair Martins Souto Filho, 38, que era procurador do Estado do Rio de Janeiro, foi concluído no dia 29 de setembro de 2016 e enviado à Justiça.

Os corpos dos procuradores foram encontrados próximo a sede da fazenda em que foram mortos. Uma equipe com quatro profissionais da Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica), sendo dois peritos, um médico e um técnico, viajaram em uma aeronave do Ciopaer (Centro Integrado de Operações Aéreas), que seguiu de Barra do Garças até Vila Rica.

A assessoria da Politec informou ao Olhar Direto que os exames de necropsia foram feitos na funerária da cidade, já que não existe IML (Instituto Médico Legal) em Vila Rica. Os familiares forneceram os passaportes das vítimas para que elas fossem identificadas pelas digitais. O Olhar Direto também apurou que um amigo da família esteve na cidade acompanhando alguns procedimentos.

Os exames apontaram que o pai levou quatro tiros, sendo que três foram nas costas e um no peito. Enquanto que o filho recebeu três disparos (costas, barriga e lado esquerdo do rosto).

O caso

O procurador aposentado do Distrito Federal, Saint Clair Martins Souto, 78 anos e seu filho Saint Clair Martins Souto Filho, 38 anos, procurador do Estado do Rio de Janeiro, desapareceram no domingo, 11 de setembro, na cidade de Vila Rica (a 1,2 mil km de Cuiabá). Eles estavam com passagem agendada para retornar ao município de origem na data de 11 de setembro, mas como não apareceram, os familiares acionaram a Polícia.

Conforme a Polícia Civil, o crime foi cometido por um funcionário da fazenda propriedade dos procuradores. Ele foi preso no município de Colinas do Tocantins (TO). As vítimas foram executadas com um revólver calibre 38, tendo o suspeito matado primeiro o pai. Em seguida, o acusado chamou o filho para dentro da casa, falando que o pai havia sofrido uma queda, momento em que matou a segunda vítima.

FONTE: Olhar Direto/Wesley Santiago

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